Depois de três anos soprando velinha longe, o trabalho me levou ao Brasil justo na minha semana de aniversário, e eu aproveitei para comemorar a chegada dos 38 com o calor da família e da cidade. No endereço que eu ainda guardo como casa. Inevitável pensar no quanto a nossa história se espalha e, com ela, nossos afetos. Depois que a gente sai do lugar onde nasceu, fica pra sempre aquela sensação de que tem alguém faltando na mesa do bolo. Impossível reunir todo mundo que a gente ama – e se por um lado é chato ver que há sempre alguém fazendo falta, entendemos também que, uau!: criamos bons vínculos pelo mundo.
Foi um ano tão cheio, tão rápido, tão…trabalhoso!
Foi um ano que me desafiou em muitos aspectos, que me fez repensar muitas coisas, e eu precisei de uma boa dose de força extra – e, já que falei de vínculos, nesse balanço que a gente sempre faz a cada idade nova, tive uma certeza: o universo está sempre dando um jeito de nos conectar com as pessoas certas. Se um dia tive dúvidas, esse ano acabou com todas.
Assim que eu comecei a listar meus desafios, fui percebendo que, junto com cada um, veio também sempre alguém incrível que chegou pra somar na minha vida, na minha jornada e nessa eterna construção do meu eu.
Foi uma volta ao sol (com pit stop em Marte e pirueta carpada em Saturno – quase um mestrado em astrologia) muito revelador no caminho da autodescoberta. Entrei nos 37 embalada pela correria contra o tempo que já vinha instalada nos anos anteriores, de olho nas metas, focada nos meus objetivos e 100% sufocada por eles. Sempre andei por aí com as mangas arregaçadas, acreditando que “tudo o que eu quisesse seria capaz de conquistar, bastava acreditar” e ir à luta! (sim, sou geração lua de cristal e fiz dessa letra meu hino e mantra pessoal. Toca aí no Spotify e diz se não é melhor que o discurso de muito coach haha).
"Tudo que eu fizer
Eu vou tentar melhor do que já fiz
Esteja o meu destino onde estiver
Eu vou buscar a sorte e ser feliz"
Sempre tive o auto orgulho de ser esforçada, persistente, correr atrás. Numa dessas buscas de mim mesma, descobri que meu nome tem o significado de “pequena guerreira”, e acho que vou sempre carregar essa força dentro de mim. Ainda bem! Porque eu gosto mesmo dela, sabe? Me faz conquistar muitas coisas. Mas acho que eu tô aprendendo que essa garra, sim, move montanhas. Mas não todas. E essa posição de batalha já não me serve. Porque há coisas que precisam simplesmente ser aceitas, estão fora do alcance da minha obstinação. E eu sinto que essa compreensão me faz mais pronta pra poder saborear o prato do dia (que às vezes é mais doce, às vezes mais amargo e ultimamente anda sem glúten e sem lactose – mas isso é papo pra outro texto). O importante é não esquecer que a vida é um milagre temporário e merece ser conjugada no presente.
Um dos CLICS que eu tive esse ano e que quero carregar pra vida (junto com a amizade com o tempo) é que eu realmente não quero ter que lutar assim tanto pra conseguir nada que não esteja fluindo, sabe? Não é deixar de lutar pelos sonhos, mas é não forçar a barra. É mais sobre não insistir (tanto), sobre SOLTAR, deixar fluir, e aceitar o que não tá rolando quando não tá rolando. Entendi que a vida é uma dança entre o esforço e a entrega. Que a força que trago dentro de mim é minha companheira fiel, mas não preciso sempre usá-la como meio de transporte rumo aos meus objetivos. E que sim, há beleza na simplicidade de deixar apenas ser. É bonito isso, né? Saber diferenciar o que é resistência do que é luta. O que é persistência do que é insistência.
Mas, sim: falar é sempre fácil, soa como música aos ouvidos e a gente pode até transformar em tatuagem pra ler e lembrar a si mesmo todos os dias. Mas a real é que tem verdades que a gente só consegue viver quando faz um CLIC dentro da gente. A transformação realmente começa de dentro.
Eu sempre quis transitar na leveza, surfar na onda do deixar rolar e flutuar. Mas como faz, gente? Nasci guerreira, de uma cesária após uma tentativa de 18hrs de parto normal.. o médico disse: ela tá cansada, o coração tá fraquejando, não podemos mais insistir – sim, eu já nasci abraçada na lei do esforço! Hahaha.
É, foi um ano de muitos CLICS, muitos “ah tá, entendi” , seguidos de “mas e agora? Faço o quê com tudo isso?”.
Tô descobrindo. E aprendendo a confiar na minha escuta interna.
Foi um ano DO CARALHO! Porra! E eu não quero mais me cobrar pelo estado de plenitude absoluta que ainda não alcançei (alguém alcança?). Olhando pra dentro, é como se eu tivesse vivido um ano de faxina de armário – e, como toda arrumação, no início tudo fica ainda mais bagunçado: precisamos colocar as coisas pra fora e vemos que de repente o biquíni se embola com o cachecol, a vela perfumada entra na caixa de documentos, o tênis de corrida fica pendurado na maçaneta. E tudo bem, repita comigo, Marcellinha pequena guerreira: TUDO BEM, bora confiar no processo. Quero continuar nos CLICS e nas conexões perto de quem me quer bem, de quem soma e me dá a mão, porque, atenção: vocês sabem quem são e, cara, eu amo e admiro demais vocês todos!
Eu, Marcella.
(sentindo-se renovada e pronta para o que vier)
Que bom te ver por aqui também!! 😍 e se conseguir encontrar uma fórmula, compartilha comigo!! 😄